Término de relacionamento: a visão de um homem

• Tulipa
• 10/10/201724/05/2022
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Os primeiros pensamentos de um homem recém-solteiro e seus impactos para as mulheres

Quem está escrevendo não é nada mais do que um ser frio e calculista. É popularmente chamado de homem ou raivosamente apelidado de cafajeste após romper um namoro de anos. Esta irreconhecível para ela, suas amigas e as tias que curtiam todas as fotos do casal.

E quer saber, na verdade estou nem aí para esse término do relacionamento. Quais motivos para isso eu teria ao lado dos meus melhores amigos, com a garrafa de cerveja preferida na mão? Vendo o whatsapp bombar de novas mulheres e prestes a entrar numa das baladas mais agitadas de São Paulo?

 

Acham que parou por aí?

 

Minha agenda está bem cheia. Amanhã pela manhã vou correr no parque com aquela secretária do abdômen retinho que conheci sexta-feira ao ir embora da academia. De tarde tenho um açaí marcado com a estagiária do setor em que trabalho. Reclamar? Só se for do meu passado tão distante: duas semanas atrás.

Aliás, como é bom estar de volta à ativa. Melhor do que isso é contar para os “brothers” sobre as gatas com quem tenho saído sem precisar dormir, acordar, ligar e me justificar. Pontos em comum? Sim, corpos atraentes, gostam de beber e sempre me convidam para as festas na praia.

E o que mais?

Pareço estar de bem com a vida em um curto espaço de tempo? Ou devo me crucificar por ela não se conformar com meu novo cronograma de festas e com as fotos postadas no Facebook? As notícias sempre correm e como ser humano curioso que sou gosto de ouvi-las.

Soube que ela está sem sair, vive assistindo Netflix, comendo chocolates e compartilhando mensagens depressivas com as amigas por inbox.  Até tentou ir para um barzinho ontem, mas acabou se irritando antes da meia-noite e pegou um táxi (na verdade Uber) de volta para a casa. Até esses detalhes o povo me conta.

Será que está se culpando por algo? Lembrando de momentos em que poderia ter evitado conflitos desnecessários? Provavelmente sim. Insiste em pensar que não sinto a sua falta? Pois é, você pode estar longe de encontrar uma resposta para o nosso desfecho, porém, assumo que sinto a sua falta sim.

No entanto, isso não me impede de planejar inúmeras atividades para ocupar a mente e o corpo nesse período de mudanças. Precisamos dar sequência e enxergar perspectivas futuras por mais que ainda carreguemos resquícios de amor.

Posso aprender tantas coisas novas a cada dia que não é justo com o mundo, com as oportunidades nele contidas e com os círculos sociais ao meu redor, permanecer triste e reclamando do passado ou esperando um retorno às fases que passamos.

Nós homens preferimos não ocupar a cabeça com fatos e devaneios sobre os motivos de ter dado errado. Por quê? Primeiro, e de modo muito simples: porque não deu errado. Foi uma passagem que deixou muitos pontos positivos, mas não dava mais para me enganar e te iludir. Segundo, pois não tenho motivos para guardar raiva ou culpa no cartório.

E o que fazer?

Existem infinitas combinações entre pessoas no mundo. E é muito raro encontrar aquela que vai lhe proporcionar a felicidade plena, se é que ela existe de fato. Apenas chegou a hora de assumir para si mesmo e pelo bem do casal que é melhor seguir separados.

Frustrações? Lamentações? É preciso saber com quem devo compartilhá-las e planejar como devo encará-las. Vale ressaltar que nós também somos frágeis. Mas precisamos mostrar em nossas falas e atitudes que estamos bem para nos convencermos de que tudo vai prosseguir com propósito, alegria e conquistas. E assim sabemos que naturalmente tudo vai se adequar.

As baladas, fotos e o tempo maior para responder às mensagens da ex-namorada são mecanismos para provar a si mesmo que está dando continuidade à vida. E, de tanto caminhar, pode ser que muitos anos se passem sem o envolvimento com alguém. Ou que, a procure após cinco meses para implorar uma retomada do namoro.

E nesse momento, independentemente do rumo que a história vier a ter, a melhor coisa a esperar é que ela esteja bem consigo mesma para decidir sem influências incoerentes.

Particularmente esses casais que vão e voltam inúmeras vezes não me agradam muito. Mas, existem sim aqueles que precisavam passar uns tempos afastados para retomar a união ou aboli-la definitivamente. O importante é refletir e desconsiderar fatores como carência e obrigação de estar com alguém.

Quer saber mais sobre aquele ser frio e calculista descrito no início do texto?

Pois é, vocês podem não acreditar, mas ele é sentimental, preocupado e possivelmente está longe de apresentar dupla personalidade. Inclusive ele está mais preocupado em te ver bem do que você imagina. Sente a sua falta e não quer achar uma nova mulher para te substituir.

Admira as suas qualidades e de modo consciente ou muitas vezes inconsciente sempre vai perceber que dificilmente alguém preencherá lacunas que você esteve disposta ou naturalmente preencheu.

Por isso mulheres, um último conselho a dar seria para não se culparem por esse instinto maternal, “cricri” e de maior cuidado que possuem conosco. Esse não foi o motivo para terminarmos. Confessamos que vocês pegam no nosso pé um pouquinho – mais do que merecemos – , mas são extraordinárias. Ocupem-se em refletir sobre o quanto aprenderam, deram risadas, conheceram novos lugares e pessoas interessantes através dessa experiência chamada relacionamento.

Tudo tem um lado positivo e a vida é tão boa que vocês podem ter a certeza de que se um dos dois não estava mais feliz, no final será mais leve, produtivo e melhor resolvido para ambos. Em tempos, proporções e através de diferentes mecanismos, mas será.

 

 

 

 

 

 

Danilo Gurdos, é paulistano e ansioso por mudanças. Graduado em Gestão Ambiental (USP), com MBA em Administração (FGV), quis se aventurar nos caminhos do Marketing e fundou a Presentes em Palavras, uma empresa inovadora onde ele é o cara que traduz qualquer sentimento em discursos e narrativas para emocionar. Namorou pela primeira vez aos 25 anos e segue com a mulher que o completa desde 2012. É romântico com criatividade e longe de exageros. Gosta de escutar pessoas que acabaram de terminar um relacionamento, praticar a empatia para cada situação e poetizar as suas respostas antes de falar.