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Lésbicas: Porque minha primeira vez foi ruim?

Sobre o Sexo Didático ou porquê minhas primeiras vezes eram ruins

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“Eu não entendo”

Não sei vocês, mas comigo, toda primeira vez era bem desajeitada, desengonçada, atrapalhada e muitas vezes, ruim. Ou pelo menos não tão boa quanto o potencial que tinha para ser. E isto se dá a um fato bem simples no conceito, mas cada vez mais difícil na prática das relações humanas:

Eu. não. conseguia. falar. Eu não conseguia me comunicar. Eu não conseguia dizer para a minha parceira que, o que ela estava fazendo, não estava bom ou até estava me machucando um pouco.

“Eu tinha vergonha e sentia falta de intimidade pra dizer as coisas que eu gosto, as coisas que tenho vontade, para fazer um sexo didático”.

O que é muito louco porque, afinal, eu estava ali, nua, toda toda, deixando ela conhecer meu corpo na sua mais íntima forma. E não me sentia íntima o suficiente pra guiá-la ou tinha medo que se eu fosse tentar corrigi-la isto fosse ser lido como “ela transa mal, ela manda mal”. E não tem nada a ver.

Se eu consigo ter intimidade suficiente pra transar com a menina, guiá-la e conduzi-la não deveria ser um problema. Sexo, assim como beijo, tem muito a ver com a questão da química e compatibilidade.

Tem meninas que preferem estimulação rápida. Tem meninas que preferem lenta. Tem meninas que piram com estimulação nos seios. Tem meninas que não sentem nada nessa região. E tá tudo bem.

É tudo questão de conduzir, guiar e se entregar

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Tão intimamente quanto o corpo em si, que já está ali. Isto é carinho, é uma forma de amor próprio e cuidado. Fale, comunique-se, pergunte o que sua parceira gosta, como gosta. Permita-se e entregue-se.

Existem contextos e contextos, é claro. Se eu beijo e transo com uma moça que possivelmente eu nem lembre o nome, é bem capaz também que naquele momento eu nem esteja em condições de guiá-la.

Mas se eu conheci uma menina por aplicativo ou através de outras amigas, e nós estamos conversando, nos conhecendo, nos enamorando, não há nada de errado em falar sobre sexo.

Inclusive acordar previamente se, necessariamente, quando nos virmos, nós precisamos transar. Isto é algo que eu tive que aprender a fazer, principalmente quando recém terminada do meu primeiro namoro. Basicamente porque eu estava muito fragilizada e, quando tentava transar com alguma menina, eu começava a chorar.

“E daí surgiram as mais diversas reações: teve quem ficou puta, teve quem ignorou e teve quem parou o sexo e compreendeu

Depois de umas três ou quatro vezes vivenciando isso, eu decidi me respeitar e aceitar que não estava pronta para sexo. Porque de alguma forma aquilo me evocava às situações vividas com a ex.

E eu tive que deixar isso claro. Conversando, por mensagens e também pessoalmente, com as meninas, porque muitas vezes se espera que necessariamente, num contexto onde as duas vão dormir juntas, haverá sexo. E isto é implícito e velado. E também herança da nossa cultura que super valoriza o sexo…

Eu não gosto menos de alguém por não querer transar com ela

Eu só estou respeitando o meu momento. Assim como eu não estou demonstrando amor ao me sacrificar, ou transar com alguém sem conduzi-la, ensiná-la e pedir, com todas as letras, por toques da forma que me agradam. Diálogo é a base para todas as relações. É clichê, é piegas e é verdade.

E antes de sermos verdadeiras com as parceiras, precisamos fazer uma autorreflexão e sermos verdadeiras com nós mesmas. O que eu gosto? O que eu quero? Eu estou disposta a me relacionar monogamicamente? Eu estou disposta a me submeter a uma relação não-monogâmica sabendo que sinto muito ciúmes? Eu estou disposta a transar, a todo custo, porque isto é “viver a vida”, ou eu consigo me relacionar com alguém e aproveitar a sua companhia sem esperar sexo como moeda de troca ou como o símbolo da conquista máxima?

Algumas coisas eu ainda tenho vergonha de falar pessoalmente

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Principalmente em relação às minhas fantasias, pois adoro tomar tapas na bunda e ser xingada. E bem, isto não é algo que eu consiga facilmente sair comentando pessoalmente com as crushs.

Mas nada que uma conversa virtual não resolva. E a partir do momento que eu consigo me estabelecer preferências e limites, preciso saber respeitar os limites da parceira. Se para ela é intolerável xingar e bater no sexo, está tudo bem. Eu respeito isto. E me abro, me disponho a conhecer outras formas de me relacionar, transar e explorar o potencial de prazer no meu corpo.

E esta é a beleza e preciosidade da sexualidade humana. Assim como da humanidade como um todo. A diversidade nos define, nos move e nos atravessa o tempo todo. Se tem uma coisa que o ser humano é, é diverso, adaptável, mutável. Podemos sempre aprender, reaprender, ressignificar e conhecer mais, a respeito de nós mesmos, de nossos valores, nossos desejos e dos infinitos universos que são as outras pessoas.

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CROW LUINE

Lésbica e Gerente da loja Lollaboo – Plus Size

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